sábado, 23 de novembro de 2013

Eu vi Ender's Game - um filme sobre conflito de gerações

 **** ~ ~ ~ SPOILER-zinhos ~ ~ ~ ~  ****

Faz uns dias, logo não vou falar com a emoção de quem acabou de sair do cinema. Mas vamos lá.

Ah, sim. preciso dizer que cheguei atrasada no cinema e perdi não sei quantos minutos do inicio >_< e certamente cenas importantes.
Quando eu cheguei estava numa cena do jantar em família falando de um teste e e sei la o que o menino ia pra um colégio sei la. E bom saber que peguei o bonde andando (alguem ainda fala isso?). Então nao me pergunte qual é a historia do inimigo nem o que eles estão tentando matar, não me pergunte pq estão recrutando crianças. Sei la!


O personagem principal é um garoto magrelhinho normal, sem nada demais. Não é o mais bonito, não é o mais forte. Talvez o mais inteligente? É meio a vingança dos nerds nesse ponto. O que eu acho legal. Chega de pessoas "ideias" sendo o papel principal. Curto essa vibe de gente como a gente. Continuando...

Dai que o menino chega la no colégio. Tem o tio equivalente a um diretor, tem a tia psicologa e tem as turmas e os coleguinhas. É meio quartel, meio colégio. Quero mt saber o que ele fez no teste, porque o tio diretor faz muita referencia a isso....


Esse filme pra mim teria um tom mais sério se todos fossem adultos. Porque sinceramente algumas vezes me pareceu que era um filme sobre crianças jogando vídeo game... Por outro lado, me pareceu uma representação da sociedade atual no sentido de conflito de gerações. O clássico e tradicional versus a nova geração (criativos e destemidos) mais especificamente eu diria no mercado de trabalho. O personagem principal representa basicamente isso. E os outros são como "deve ser" como é o tradicional. Como se espera.

Uma coisa que eu achei chato é que tava tudo dando muito certo pra ele. E tava ficando sem graça. Tanto é que a unica vez que ele falhou no filme todo foi quando eu disse "finalmente!!". E eu tambem senti falta foi do processo de aprendizado. Se ali é um lugar pra criar lideres e sei la o que, cade a parte do "fazer" um líder? Não vi. Ele simplesmente sabe tudo e da tudo certo. Pra mim, sem graça. O único momento em que ele ~aprendeu~ foi quando a menina foi treinar com ele la no campo que flutua e mostrou pra ele como usar a arminha la. E ainda assim eu diria que o proposito da cena é mais o bonding time deles do que o aprendizado em si. É só pra mostrar que eles estão amiguinhos (e talvez enamorados?)


As táticas dele são bastante interessantes durante o filme todo. Eu diria que ele não tem medo de usar todos os seus recursos. Se não me falha a memoria ele sempre aposta todas as fichas (mesmo algumas vezes sendo os próprios componentes do time). SEMPRE. Mas obtêm o resultado. Se a regra do jogo é que um integrante do time consiga cruzar o campo sem ser atingido, então vamos fazer com que isso aconteça, nem que eu use todos os outros pra proteger esse um. Eu não sei até que ponto a nova geração é assim. E se for mesmo também não sei se é uma coisa saudável. Mas pera... isso também é mencionado no filme! Volto no assunto depois.

Um fator que eu acho valido ressaltar. Ele consegue, mais de uma vez e com mais de uma pessoa fazer do jeito dele sem ser o líder. O que eu quero dizer é, ele não precisa estar na posição com o poder pra poder mandar. Ele simplesmente tem que fazer a cabeça de quem lidera e esse dará as ordens. Sim, manipulador! Se o seu problema é a sua reputação perante os outros, não tem problema. Você mantem o que você disse hoje e diz que mudou de ideia amanhã e faz como eu disse. Ninguem precisa saber! Afinal se sair da boca de um líder muito firme ninguém vai contestar mesmo...

Mas quando ele é o líder, nossa! Eles não podiam ter sido mais óbvios quando a representação da geração. Quando ele tem o time dele, que ele lidera, uma das primeiras coisas que ele fala é que quem tiver uma ideia pode falar, porque ele não tem que pensar em tudo sozinho, ele quer ouvir os outros. Ele aceita as diferenças e quer usar o ponto forte e cada um. Wow! Mas hein...

Como resumir a hierarquia tradicional? "Eu sou o chefe, eu mando. Você é subordinado e faz o que eu mando." Quem nunca viu num filme a clássica frase "eu não te pago pra pensar?" ou "quem pensa/toma as decisões aqui sou eu."? Hoje em dia (mas certamente não em todo lugar) a ideia é ouvir os outros, porque eles podem pensar em alguma coisa que você não pensou e isso não é ruim.

Eu acho engraçado que o tio diretor é tipo um velha geração que percebeu o talento e capacidade para liderança dele e não tem medo de apostar nos métodos dele.

Numa parte do filme é mencionado como ele faz basicamente o que é esperado. É como se ele (esse pré-adolescente pronto pra vida) soubesse como entender o ~inimigo~ outro e fazer o jogo dele. Só que uma vez que ele entende o outro, ele se "apaixona", encanta (não lembro como eles colocaram no filme). É uma teoria interessante. Quando você consegue entender muito sobre um ser, eu diria que é impossível não se apaixonar um pouco.

Voltando à questão de se é bom ou não uma sociedade que funcione assim, como tudo na vida tem seus prós e contras. Imagine não uma guerra como num filme, mas uma empresa: é valido usar todos os seus recursos pra chegar a um fim? No filme é meio inocente e ninguém morre. Mas se em vezes de congelar a arma matasse? É valido matar um exercito inteiro pra conseguir colocar uma bomba no inimigo? É valido fazer uma lavagem cerebral pra vender um produto? É valido colocar uma química a mais pra viciar seus clientes? Afinal o objetivo é sempre vender (vender = dinheiro = poder infelizmente) e pelo personagem principal não importa as perdas desde que se ganhe no fim.

Ao mesmo tempo que é um filme com cara de bobo e vídeo game, ele tem esse lado que o torna interessante. E a grande lição pra mim é a reação do menino no final.

G

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